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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Luta em Juiz de Fora muda vidas e destinos

A luta ajuda na calma, paciência e no dia-a-dia das pessoas. Por isso é um dos esportes mais procurados nos últimos tempos


Betânia Bertelli

Cotovelada aérea do Popo, golpe típico do muay thai.
A luta vem ganhando espaço no cotidiano das pessoas. Pelo menos alguma vez na vida alguém já praticou algum tipo de luta, desde o Karatê na infância, até o M.M.A. que é a mais nova moda. A verdade é que a luta não é só uma forma de defesa, como era pensado antigamente, mas uma maneira de conhecimento corporal. Até onde vai seu limite? Essa é a principal pergunta de quem pratica uma modalidade.
Joelhada aérea, outro golpe típico da modalidade.



           
A história
 Se pensarmos historicamente, desde a Grécia Antiga as lutas já faziam parte do cotidiano das pessoas, dos romanos e também dos espartanos. Porém, só quem lutava eram os pobres, escravos. Essa era a diversão da nobreza da época. Tirando os espartanos que treinavam seus filhos desde criança para virarem soldados e defender Esparta. Mas independente da época, a luta sempre esteve presente.

Hoje a maioria das pessoas entende de luta. Aqui no Brasil a luta começou a ser assistida com gosto de torcida com o ex-lutador Acelino “Popó” Freitas, em 1995 e ele encerrou sua carreira em junho deste ano. A partir de então vários ídolos brasileiros surgiram no mundo da luta, o mais famoso é o Anderson Silva, ou Spider, como é chamado. Mas outros nomes estão presentes no dia-a-dia como o Minotouro, Minotauro, Cigano.

O que vamos abordar são as lutas atuais, como o MMA, o Muay Thai e o Jiu Jitsu na cidade de Juiz de Fora. Mas para isso precisamos entender um pouco mais de como funciona essas três modalidades. O Muay Thai é o boxe com chute e ainda permite o uso dos cotovelos e dos joelhos, já o Jiu Jitsu é a luta que ensina a imobilização do adversário, básicamente no chão. Com chaves de perna e braço, é uma luta usada como defesa corporal, hoje há mais um modelo de “jiu” o submission, que não utiliza o Kimono. Quando se utiliza mais de uma técnica de luta que seria a luta em pé e a de imobilização chegamos ao MMA, que nasceu a partir da família Grace que comprovaram que a luta quanto mais completa melhor para se defender.

Em Juiz de Fora

A maioria dos atletas da cidade começam treinando ou o Thai ou o Jiu, e com o tempo se aperfeiçoam nas duas lutas para virar um competidor de MMA. Mas não deixam de competir em outras modalidades, como o boxe por exemplo.

O lutador Diego Farnezi conta "comecei a treinar judô em 1992 aos 6 anos. Em 2000 comecei a treinar free style e Jiu Jitsu em 2001 iniciei no Muay Thai". Só a partir de todo esse conhecimento corporal que adquiriu com o tempo ele começou a competir. Já lutou boxe, muay thai, judô e m.m.a..

Treinador Popo e aluno durante uma competição


O treinador e professor Poluceno, mais conhecido como Popo pelos alunos, conta que começou a treinar assim que o boxe tailandês chegou em Juiz de Fora, há 15 anos. Desde então, começou a percorrer cidades próximas junto com o Mestre Carlos Silva para divulgar o que sabiam e assim treinarem novos alunos. "Quando eu comecei o muay thai estava chegando em Minas Gerais, e eu ajudei o mestre a ter um trabalho reconhecido no estado, por isso eu não tive lutas de ring, ma o tempo todo coloquei o muay thai a prova por divulgar a luta nos estados mineiros e as vezes lutava sem compromisso com caras mais pesados e mais graduados em outras lutas do que eu." Ainda falou que começou a se interessar por lutar por causa dos filmes do Rock Balboa.

Mesmo não tendo lutado, já colocou muitos alunos para lutar, hoje eu estou treinando quatro alunos para uma competição, mas já tive mais de 15 lutadores".

A maior dificuldade de quem vai lutar é se adequar ao adversário, ou seja, chegar a um acordo com o peso. Muitas vezes um atleta tem que perder cerca de 2 a 4 quilos para uma luta o treinamento é intenso e a dieta é pesada. Isso até o dia da luta. O novo lutador Renan Luiz, 21, vai competir esse mês pela primeira vez, "estou um pouco nervoso, tive que perder 2kg. Além disso treino todos os dias para poder lutar e nem conheço meu adversário ainda".

Viver de luta

É muito difícil entrar em uma academia de luta e descobrir nela uma pessoa que vive exclusivamente da luta. Sempre há um segundo emprego, advogado, policial, servente de obras, donas de casa e também os estudantes.
Turma de muay thai do professor Popo.

Lutador Diego Farnezi.
O mercado de luta em Juiz de Fora é muito fraco, segundo Farnezi, "não há incentivo algum por parte da prefeitura voltado para as artes marciais. O que tem são projetos voltados mais para a parte cultural como a capoeira". O professor Popo concorda com a opinião do aluno, diz que muitos campeonatos são movidos pelo dinheiro interno que eles conseguem com as aulas, e por isso são poucos os eventos durante o ano.

Hoje é comum terem academias exclusivas de lutas com é o caso do lutador e Policial Militar Daniel Pequeno, que hoje tem uma academia exclusiva de lutas, mas tem que adequar os horários de aulas para não baterem com sua escala de serviço.

Muitos donos d academias também colocam a luta na grade de suas atividades, como foi o caso do administrador de empresas Pablo, "os alunos pedem para fazer luta, conciliam a malhação com a luta. Isso ajuda quem quer perder peso em um curto período de tempo. Além disso, o retorno financeiro sempre é satisfatório e bem rápido." Para os professores fazer essas parcerias com as academias é bom, ajuda no lucro do fim do mês já que não tem que pagar aluguel ou as contas que teriam se tivessem um espaço próprio.

Projetos em Juiz de Fora

Alguns projetos ajudam quem não tem dinheiro para treinar com aulas gratuitas. Um exemplo é no SESPORT, que tem aulas de jiu jitsu e judô para quem quiser faze. Para isso é necessário alguns requisitos como ter menos de 17 anos, estar matriculado em uma escola pública e ter vontade de treinar.

Para isso o professor Eduardo Alves, 35, ajuda as crianças durante os treinos, com boa vontade e muita dedicação. O projeto tem 4 anos e hoje envolve várias pessoas.

Tem idade?

Uma dúvida comum dos pais é: com qual idade meu filho pode começar a lutar? E a boa novidade é que não há idade para lutar. A partir do momento que um médico libere a atividade o treino é liberado. Claro que é menos intenso respeitando o limite de cada um. Quando mais novo começa a treinar, melhor o desenvolvimento futuro, tanto no tratamento e algumas doenças, como também ajuda na concentração e calma das crianças.
Turma mista de muay thai do professor Popo

Pessoas mais velhas também podem treinar é só conhecer seu limite e saber qual o objetivo do treinamento. Hoje a luta é mais um condicionamento mental, do que algo para competir. Muitas pessoas participam como forma de terapia e relaxamento. Além disso, quem quer perder peso é uma ótima pedida, " em uma aula treino uma pessoa com estado físico normal perder cerca de 800 calorias", diz Popo.

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